TAC entra para a história da modalidade na região

Já lá vai o tempo em que a força do concelho de Tondela se manifestava em termos desportivos apenas no futebol.
Hoje, o desporto expressa-se entre nós de uma forma ecléctica com resultados práticos atingidos no final dos quadros competitivos onde estes se inserem.
A melhor prova do que estamos a dizer aconteceu no último fim-de-semana com a grande alegria que foi para as hostes do Tondela Andebol Clube (TAC) a subida à 2ª Divisão Nacional.
Ao fim de três anos de permanência na 3ª Divisão Nacional de Andebol Sénior masculinos, o TAC de forma brilhante e depois de um campeonato de extraordinária exigência competitiva, disputado desde Outubro e dividido em duas fases foi possível atingir uma fasquia tão alta na modalidade.
Este êxito alcançado é algo que enche de orgulho todos aqueles que ajudaram a construir os alicerces que permitiram que fosse atingido este patamar tão elevado.
Júlio Gonçalves presidente da Direcção do TAC sintetizou ao Jornal de Tondela alguns dos factores deste sucesso desportivo que começou a ser projectado desde há 10 anos a esta parte, assentando sobretudo na componente da formação um trabalho de grande qualidade.
Neste contexto e apesar da enorme alegria que foi possível viver no último sábado, dia 30 de Maio, depois de uma vitória em Nelas por 25-28, o ainda actual presidente, do TAC, salienta que é necessário abrir uma nova página na vida do clube.
As razões para esta opinião têm a ver com o facto de ir ser disputado um campeonato de um escalão superior que representa o aumentar de responsabilidades, nomeadamente, ao nível financeiro.
Apesar disso, Júlio Gonçalves mostrou-se muito grato com todo o apoio que a Câmara Municipal de Tondela deu para o engrandecimento do andebol no concelho de Tondela e em particular ao TAC para que pudesse escrever uma página tão importante na modalidade.
Na conversa que este manteve com o Jornal de Tondela salientou que ao longo dos últimos três anos, período em que o clube militou na 3ª Divisão Nacional, os técnicos e demais responsáveis do clube tondelense foram dialogando com dirigentes de outros clubes e todos eles iam revelando as necessidades que sentiam para arranjar jogadores de qualidade dentro das suas próprias localidades.
O motivo de satisfação é grande para o presidente ao constatar que este "não foi o caso do TAC já que não precisou de ir buscar, a excepção de um jogador apenas, qualquer atleta fora do concelho de Tondela, um factor revelador da qualidade do trabalho que foi efectuado com a prata da casa…".

O grande desafio que é disputar a 2ª Divisão Nacional

Para Júlio Gonçalves ficou provado com esta subida que desde que se começou com o incremento do andebol no concelho há 10 anos na formação o sonho manteve-se sempre de atingir esta meta, "agora começaram a ser colhidos os frutos desse trabalho, o que enche a todos de orgulho pelo êxito alcançado...".
Este responsável salienta ainda "não demos por mal empregue o apoio que incondicional que recebemos da Câmara Municipal de Tondela…é um facto que é sempre pouco, mas sabemos reconhecer quando é de boa vontade, isto foi o que foi feito até agora, mas a partir daqui haverá necessidade de abrir uma nova página face às pretensões do TAC, dado o grau de exigência que é disputar a prova do campeonato da 2ª Divisão Nacional".
Júlio Gonçalves considera que o TAC terá que se munir de outras pessoas, a nível da direcção, as pessoas que fazem a logística, que ajudam este clube a ter que se movimentar por este país fora, em vários escalões, implicando por vezes a circulação de seis carrinhas de nove lugares simultaneamente.
O esforço é grande.

A despedida do presidente

O actual presidente aproveitou também para dizer que cessou funções no último jogo que acabou por ser aquele que consumou a subida à 2ª Divisão Nacional.
Esta decisão tomada no fim do primeiro ano do 2º mandato e não tem a ver com o facto "de nos termos qualificado, mas por ter prometido aos meus colegas de direcção e depois de certo modo ter acedido continuar por mais este mandato, prometi também que no fim deste ano entregaria o testemunho…".
Júlio Gonçalves diz que faltam três anos para cumprir o mandato, "mas tal como prometi aos meus colegas chegou a hora de dar o lugar a outro, portanto haja quem pegue neste clube para que este brilhante trabalho continue, porque eu tenho de ser coerente com aquilo que eu prometi e que os órgãos directivos deste clube se propuseram aceitar".
Para o presidente a sucessão à frente da direcção do TAC deve estar assegurada e essa solução será encontrada dentro do seio da actual direcção.
Júlio Gonçalves agradece aos atletas vitoriosos que acompanhou desde o primeiro treino no clube, "manifestaram sempre uma prova de sensibilidade e gratidão para comigo no sentido de me sensibilizarem para que eu não abandonasse, foram de extrema educação e de uma sensibilidade fabulosa, pediram-me tudo de uma forma e de outra para que continuasse com eles…".
No entanto, por uma questão de coerência com aquilo que ficou prometido no seio da direcção, o testemunho está passado quando todos os pormenores administrativos estiverem regularizados.
Júlio Gonçalves lembra ainda que não sai magoado com ninguém, antes pelo contrário sai felicíssimo com todos intervenientes e pessoas que o ajudaram, "uma palavra de grande apreço para a Câmara Municipal que sem ela não seria possível chegar onde nós chegamos…eu sou munícipe e reconheço que o Município de Tondela por aquilo que vou constatando pelo país tem um papel de extrema importância no desenvolvimento associativo e desportivo que penso que é um dos maiores a nível nacional".

Agradecimento a colegas, técnico e atletas

Por último, agradeceu todo o apoio dos colegas de direcção, pela extrema simpatia e apreço, o técnico principal deste clube, Nasko Apostolov e todos os jogadores que tornaram possível este sonho, sem esquecer as suas próprias famílias que apoiam o TAC por esse país fora.
Júlio Gonçalves termina, dizendo que também tem as qualificações adequadas para poder ser treinador de andebol, ou seja para além do treinador principal, existem mais três com competências para o desempenho das funções de técnico de andebol, Vítor Figueiredo, Bruno Rebelo e ele próprio.
Quer com isto dizer que se o TAC em qualquer altura necessitar da sua colaboração poderá a esse nível dar o seu contributo em prol do engrandecimento do clube.
No que toca à questão directiva e face às razões enumeradas a decisão é irreversível e é para cessar com a missão que lhe estava destinada ao longo destes últimos cinco anos anos.


Arménio Pereira in Jornal de Tondela - EDIÇÃO N.º 946 - 04/06/2009